NÃO SOU MAIS VIRGEM
Fechei as pernas
e os olhos.
Um puro silêncio se expandiu.
Não sou quem pensas.
Enquanto me invadias,
pensavas que eu
era uma vadia, mas
não sou quem pensas.
Sou quem quero
nesse teatro a céu aberto.
Interpreto a devassa,
a louca,
e me atiro a teus pés
e, furiosamente, bebo
cada gota de teu néctar.
Porém,
isso não me resume:
sou mais que isso,
não sou quem pensas.
Tenho meu espírito situado
acima do barulho das máquinas,
ecoando por dentro das fábricas,
derretendo as oficinas.
Tenho meu olhar aberto
para fora e para dentro:
filtro o doce e o amargo,
bebo-os em doses iguais.
Achas que me tens,
mas não vives sem mim
e, de boca aberta, clamas
que o meu sexo te incendeie,
e te faça repensar
o conceito de estar vivo.
Quem domina quem?
Quem come quem?
Escuto a história de tua vida
e transcendo.
E tu, consegues fugir
dos limites
da
absoluta
mediocridade?