Minha loucura...

Anda tão à solta, livre e sem razão

Versa o impossível, um surrealismo

Embaralha, joga tria, faz confusão

Mas é preciso ser sã, ter realismo

Poética certa, nada de insanidade

Mas como versar sem essa loucura?

Que deixamos aflorar na identidade

No voo diário, no frasear essa cura

Para tantos males, a busca sensível

Ao tocar outro ou o próprio coração

Mal que faz bem, loucura aprazível

Não condene essa minha inspiração

Esse jeito meu, tão igual e diferente

Que peca, por essa falta de ambição

Pelo comodismo aparente, mas sente

Que há algo mais por detrás da razão

Que excede em palavras, quando calar

Deveria ser a voz mais alta a ser ouvida

E quando cala, quem dera só pelo olhar

Fosse, sem pedir muito... compreendida.