EU - X
Naquelas ruas soavam melodias inefáveis,
Naqueles becos surgiam galaxias,
Naquelas praças morriam deuses,
Naquela cidade reinava o EU.
Mas , entre mil-eu,
Corria por entre as ruas verdes-cinzas,
Pelos becos vermelhos-sóbrios,
Pelas praças ébrias e noites de luares vibrantes,
Um eu-desconhecido,
Dotado de uma loucura lúcida !
Indomado, cavalgava em si mesmo,
Açoitado pela própria mente,
Guiado pela própria cegueira.
Aproximei-me,
Era fervente, era inquieto,
e não era cinza, como os outros eu que ali existia.
Dançava, hipnotizando-me
Corria em meus campos, minhas ruas
Meus bares e bibliotecas,
Meus mares e meus céus.
Meu eu-desconhecido mostrara-me,
Algo que me deixava sem palavras,
Sem eu, Sem teto, Sem chão e sem tudo.
Meu eu-desconhecido,
Na verdade era um reflexo,
Um espelho no tempo,
Era a destruição e reconstrução instantânea,
Era o tudo que me era familiar, desconhecidamente conhecido.
Meu eu-desconhecido já não era mais eu.
Meu eu-desconhecido sofria, amava, acreditava e existia(ou não)
Meu eu-desconhecido era o reflexo do meu universo de milhões de EU.
Meu eu-desconhecido, na intima verdade , era TU !!!
O Eu-desconhecido , o Tu-conhecido.
E agora, permaneço em um dos meus campos-virgens,
Nocauteado por mim mesmo,
Como já dizia o poeta;
"Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido , como se estivesse para morrer.
Estou hoje perplexo , como quem pensou e achou e esqueceu."
Tu és o divino balanço entre a tragédia do amor e a odisseia do destino. O Estranho familiar entre milhões de EU.
O Que agi em mim, sem ser EU.
EU - TU - NÓS
-Scar Unseen