Etílica alma

Me dispo das minhas palavras e me revisto das suas,

Na minha solidão, sou nada, conjunto vazio, contido;

Vago entre a poeira da poesia, e as estradas da lua,

Crateras gigantescas, abrigam esse ser, nada nítido.

Etílica alma, tristonha fica ao observar essa sombra,

Opaca e pálida face, mas com olhos atentos, vaga;

Entre espelhos distantes, a porta descorada tomba,

E na madeira carcomida o relato inteiro de uma saga.

História que o tempo entalhou em cores desbotadas,

Nomes de amores, e vidas tantas que foram deixadas;

Na entrada, uma marca de sapato, uma pisada torta,

Por tortos sonhos desdenhados, na vida que aborta...