Ponto final?
E eu disse não
Mas sem pontuação
Esqueci-me da vida
Do ponto de interrogação
E tudo que era pergunta
Ficou perdida defunta
De tudo que eu já matei
E pari sem ter vontade
A dona da minha razão
E nasceu em liberdade
A minha indignação
E a vírgula me coça
Os dedos as reticências
São os meus segredos
Que eu verto sem direção
E mesmo que eu fique perdida
Dando voltas nessa vida
Não vou sem rumo não
É que os versos que eu faço
São salvadores da minha emoção
Que eu sinto no travesseiro
Na hora do banho
No chuveiro e já não entendo
De razão e a água morna descendo
Em meu corpo vai morrendo
Matando o grunhido da lua
E essa alma toda pura
Por mais despida tão nua
Vai pedindo perdão
E na hora no ponto final
Da vida sou visceral
Não engulo razão
E vou chupando os meus dedos
Pois sobrou dos meus segredos
Alguém que me disse:
-Não!