Chagas

Hoje não farei uma saga poética...

Antes, uma chaga morfética que escandalize aos fariseus;

ou uma praga herética!

a baga hermética e indeiscente do fruto proibido e indecente...

E enquanto meus pensamentos amadureçam

esqueçam a adaga inclemente – meu não à incipiente dialética.

A paciente caquética, aidética e terminal de malas prontas para a morte

com sorte de haver vaga no terminal rodoviário...

Passagem paga com antecedência

na ausência do triste obituário que amarela

e se esfacela e se consome –

o nome se apaga

e não deixa seqüelas ou queixas...

Minha mente indaga

e se avilta tentando não ver, mas vejo!

Primeiro a ver neste segundo morrer o terceiro ocupante do quarto do quinto andar

e meu sexto sentido me diz que não atingirá o sétimo céu!

Não! Não há saga poética!

Apenas uma chaga patética e aberta como a janela de uma alma atormentada!

Nada de novo sob o sol... Apenas a sombra que se avulta!

E o direito de pilheriar sobre a miséria alheia

como não fosse meu próprio sangue a circular por estas veias...

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 04/10/2005
Código do texto: T56351