o vazio do quarto.

Já é quase outro dia e continuo no mesmo lugar de ontem. Caneca de café quase vazia sob a escrivaninha mal iluminada, papel, lápis e poesia. Dei mais um trago no cigarro fitando o vazio do quarto. Conferi novamente a escrita da minha poesia, fui até o banheiro com o cigarro entre os lábios, inspirei fundo, duas vezes. Nenhuma das tentativas de diminuir a frequência cardíaca funcionava. Olhar o fundo me aterrorizava, embora tivesse certeza de minha escolha. Sorri mesmo sem ter motivo, e deixei que meus pulmões reabastecessem de ar, fechei os olhos novamente, tomando a iniciativa de alguns passos. Até que não encontrei o chão, prossegui, fingindo que estava confiante do que fazia. Apenas deixei, e de olhos fechados, não encarei o fim.

Mariana Demarchi
Enviado por Mariana Demarchi em 06/08/2016
Código do texto: T5720851
Classificação de conteúdo: seguro