Ahhhhhh!

Caleidoscópios multicoloridos ofuscam meus olhos...não entendo.

Era um sonho...estranho e louco.

Realidade insana , pensamentos sem nexo.

Dor, física dor manifesta dos males que me afligem...como açoites em brasa na minha carne viva.

Abraça-me ó esquecimento! De mim, das coisas, das gentes!

Leva-me onde não há dor...ou medo.

Transporta-me ao vazio de tudo, e esquece-me lá. Terei abrigo onde nada há?

Sufocam-me palavras desconexas repletas de intenções.

Cai como chuva lágrimas de desespero em buscar um caminho...qualquer um que me dê alívio, que seja lenitivo dessa loucura onde me encontro.

Estarei perdida ou terei enfim me encontrado?

Pesadelo é estar acordada, lúcida nesse mundo que compreendo tão pouco, que me exige tanto.

Entrego-me... cansada, agonizante.

Lutei batalhas demais contra moinhos de vento, as feras míticas dilaceraram meu corpo, minha alma, esta velha alma clama...suplica pelo aconchego do esquecimento.

Não posso mais. Há demasiado por entender e falta-me a força para seguir em frente.

Grilhões do passado mantém-me presa de pavores inenarráveis e meus pés sangram das feridas nos espinhos dos caminhos trilhados.

Foram minhas as escolhas, é minha a sentença. Cumpra-se o destino.

Aves incandescentes esvoaçam ao meu redor e grasnam como corvos em sinistro banquete.

Nuvens escarlates prenunciam sede e fome...como oráculos nefastos onde jazem os restos dos deuses caídos.

Recuso-me a pedir socorro neste sonho cataclísmico.

Minha mente gradualmente se fragmenta como estilhaços de um espelho onde cada pedaço reflete minha insanidade.

Afogo-me em aspirações e falta-me o ar.

Caio vertiginosamente no poço de minhas tormentas e fustiga-me o vento como vendaval de areias.

Secas, as lágrimas impedem meus gritos, acordo.

Olhos abertos, desperta do sonho, percorro labirintos sem fim das linhas inconsistentes dos meus pensamentos.

Não há expurgo ou salvação...delírios apenas.