Vazio absoluto

Sou o corpo insepulto e vazio de alma.

Sou a ausência da chama.

Sou a morte calma, na cama...

Sou a raiz arrancada

da semente que irrompia...

Sou o ócio da mente

e a ironia do nada...

Sou a dor meticulosa

e o espinho da rosa...

Sou a sombra que passa

burlando o olhar arguto

de mil sentinelas que me espreitam.

Já rastejei... Mas me ergo resoluto

e escalo a torre infinita...

Sou um nada que grita lá do alto:

A vida é um assalto!

Mãos ao alto! Passe a vida!

E depois caio do nada absoluto

no vazio absoluto do asfalto!

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 09/10/2005
Código do texto: T58013