Extremo

O que há de ser de nós

pobres mortais infecundos?

Onde os ensinamentos não brotam,

onde o amor aos poucos perece,

onde até a dor que marca tanto,

um dia esmaece.

O que será de mim?

Eu que já sei o meu fim,

e enfim tenho que aceitá-lo.

Ser debaixo da terra

comida para vermes.

Espero que saboreiem meus sentimentos,

que se deliciem com meus pensamentos.

Será que sentirão os prazeres que senti?

Ouvirão meu riso das alegrias?

Sentirão então a dor de tantas tristezas que tive.

Se assim for,

os alimentarei até a obesidade,

pois sinto intensamente todos os momentos.

Cada riso...brotou da alma,

cada lágrima...me cortava o peito,

e nos momentos de dúvida,

sempre me isolei e pensei

se a dúvida realmente existia.

Crer em Deus e em sua criação

foi o meu juízo.

Perceber as perfeições das flores,

a animosidade dos bichos...

me perdia no vôo dos pássaros...

Assim pensando,

posso dizer que serei imortal.

Os vermes que um dia

me comerão as entranhas,

por certo se tornarão gente.

Não saberão mais viver

sem as sensações que saborearam.

Posso até visualizar,

uns sorrindo sem parar,

outros apáticos tentando decifrar,

um sozinho, triste sem saber porque...

outro que captou todas as sensações,

a um canto louco a escrever...

Bia Naue
Enviado por Bia Naue em 18/10/2005
Código do texto: T60962