ENCANTAMENTO

Cantei cantei

Quando me encantei

E me encantei como pude

E como me puderam

Encantar

Como pôde notável criatura

Com seu corpo de entidade cósmica

                                              Dançante

Luzindo poeira tóxica

                          Olente

Vibrando músculos

E artérias de fluidos pulsantes

Entrelaçando-se lacivamente

Frente à meu olhar embriagado

Tão longe

Onde nem sabe-se

Que perto

Tão perto

Em mim!

Onde algo permanente se pôs

A cima da razão dos homens

A cima do firmamento

De plano algum

Pouco importante 

No momento

E na presença do objeto carnal

De desejo incontido

Que faz-me clamar por um ensejo

Derradeiro.

Mas talvez a certeza única

Seja esta incerteza de nunca saber

Como pôde me encantar

A que me sorria

Desde o princípio

E agora

            Vazia

                     Sorri

Não para mim

Que já nada encanto

E nada crio

Estando incrédulo

Ao preferir trocar

Estratégias de jogo

Ao invés de suor e saliva

E suspirar satisfeito

No fim

Não desejando limpar-se

Do que não cheira

Não se lava na pia

E nem pode-se ver:

A consciência reestabecida

Revelando a entrega irracional

Por necessidades do corpo

Que corrompem (ou revelam)

A essência do ser

Quando encantado e pleno

Em sua sede.

HenriqueBazzí
Enviado por HenriqueBazzí em 20/12/2017
Código do texto: T6203526
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