Quando os sentidos não dizem o que se espera

Academia Virtual de Letras
Patrono: Paulo Coelho
Acadêmico: Mauricio Duarte
Cadeira: 18

Quando os sentidos não dizem o que se espera

Roda mundo, roda mundo,
minha cabeça rodopia.
Não escuto passos,
são os passos que me escutam...

Meus ouvidos andam
em passos pelo chão
e meus olhos cheiram
um fedor forte de merda...

Estou vivo?
Estou morto?

Roda mundo, roda mundo,
minha cabeça rodopia.
Tateio a cor verde,
e sinto o gosto do eco...

Meus ouvidos enxergam
luzes esdrúxulas,
os olhos carregam
pesos enormes cada um...

Que sinestesia é esta?
É este o nirvana?

Roda mundo, roda mundo,
minha cabeça rodopia,
mudo o canal da mente
e troco a sintonia do paladar...

Meus ouvidos estão com fome,
sentindo a vida se esvair,
os olhos ouvem sons
estridentes de gritos...

É o paraíso?
É o inferno?

Roda mundo, roda mundo,
minha cabeça rodopia,
a TV me deixou idiota,
o jornal é mudo...

A minha mão-alma sente o
áspero da internet
e a minha mente,
a minha mente desligou...

É uma sequela?
É morte em vida?

Homenagem às vítimas de tortura durante a ditadura militar brasileira e em respeito à luta antimanicomial travada no mesmo período.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Enviado por Mauricio Duarte (Divyam Anuragi) em 12/01/2018
Código do texto: T6224478
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