pode ver...

as pernas estão realmente cansadas,

minhas pálpebras mastigam meus olhos.

ontem à noite tive maus momentos,

eu discuti mais uma vez comigo mesmo,

minha garganta já não agüenta mais

esconder minhas próprias drogas vivas.

agora sigo só um pouco diferente de antes,

parece não ter mudado, mas isso aconteceu.

e onde ninguém pode ver...

eu não existo mais.

você ainda quer me oferecer um pouco de dor?

por que não finjo permanecer com a mesma felicidade?

mas não é tão simples assim me manter,

tento passar o domingo de uma forma

que me torne mais auto destrutivo,

tento fazer de minhas noites um inferno

e algo em mim não parece querer se desfazer.

alguém que vê tv, que escuta os discos do creed,

que esquece a gaveta aberta abarrotada de cartas,

que fica horas parado na janela do quarto

com um olhar fixo nos aviões,

tentando não esquecer, nem acreditar que tudo é real.

sou um hipócrita que caleja a língua te rebatendo,

enquanto que na verdade estou tentando me proteger,

guardar o que ainda tenho aqui comigo.

...

hoje eu sei que nenhum de nós consegue mais chorar,

mesmo quando tudo se tornou discussão.

não sei se isso é o fim do que existia ou um amadurecimento.

você ainda consegue ver diversão com tudo isso.

minha pressão arterial não andou muito regular,

mas eu persisti como uma lebre em fuga de um leopardo.