((( ON/OFF )))

Então eu sobrevivia através de aparelhos.

Ambu, cardioversão, atropina, adrenalina.

Muitos joules a eletrocutar-me o coração.

Massagens desesperadas, sem eficácia.

Sem pulso nem respostas.

Entubação. Respirador.

Monitoração, saturação, paradas sucessivas.

Um aparelho respirando por mim.

Somente ele impedia minha partida...

Percebendo meu óbito iminente

Os médicos resolveram desliga-lo,

Numa velada e piedosa eutanásia;

Sádicos, brigavam pela posse do controle remoto.

Então o mais determinado apontou para mim,

Apertando ON/OFF.

Me senti um televisor, sim eu era um televisor,

Com tela plana, som Hi-FI e uma porção de polegadas.

Ainda assim, mataram-me friamente...

Saí do ar.

Minha vida não deu Ibope.