AQUELE SOCO NA CARA

Aquele soco na cara

Não tem justificativa!

Vontade vem que não para;

Se eu alimento essa tara,

Não fica nem sombra viva.

O desejo é de espancar

Até que sangre o destino!

Mas o que posso ganhar

Permitindo-me portar

feito insensato menino?

Aquela surra seria

Bela, pungente e fugaz:

A mão cerrada e vadia

Chocando a boca vazia...

Só vendo o estrago que faz!

A joelhada no plexo

impede a respiração;

O gancho explode, convexo:

O mundo fica sem nexo

E a presa fica sem chão.

Combinado, o cotovelo

desmancha o queixo e o moral.

Desenrolando o novelo,

Ignorando os apelos,

Desfiro todo o arsenal.

( … )

Mas, na razão submerso,

Rejeito a voz da vaidade:

Penso duas vezes, disperso,

Dou-lhe uma sova de versos

Pra amenizar a vontade.

Ai, que vontade!

Cassio Calazans
Enviado por Cassio Calazans em 22/01/2019
Reeditado em 22/01/2019
Código do texto: T6556470
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.