Ditames de Silêncios

Pondo em causa o quanto brilha uma estrela decadente,

Procurando em céu rural a nebula crescente,

Eu anseio um desejo de estrela cadente,

O quão o silêncio do mundo é insanamente,

Reto,

Concreto,

Faz eco do pé ao teto

E eu chuto com o pé o prego.

É da palavra de atitude que se fui uma voz em pausa,

Que fiz silenciosamente qual o atual problema em pauta,

Do que o destino fez-se espinho num caminho de justa causa,

Que me faz humano que abana a própria cauda.

As janelas se fecham enquanto o sol poente engole mais um dia,

E quem diria,

Meu dia terminaria com silêncio da primeira estrela no céu,

Parece que eu sou julgado como celeste réu.

O sol se vai e a lua mostra sua afastadora de sombras com soberania,

Promessa eterna ao próprio Deus que rodeada de sombras risonhas nunca cairia,

Enquanto pensamos e acatamos de forma supérflua o plano dos astros que ele sucumbiria,

Mas Deus falou que mesmo perdendo a batalha amanhã é um novo dia,

A se sorrir,

A se unir,

A se esvair,

A se ruir,

Mas independente da profundidade da cicatriz vais conseguir.

Hoje eu venho dizer do divino silêncio do mundo em sua imagem,

Do quanto a falta de palavras na língua é pior que um sedento enganar-se com uma miragem,

Quando duas tintas distintas, frias e quentes fazem sua mixagem,

É a falsa esperança de estar vivos o frutificar da vagem.

Ponho em prantos,

Oro a tantos,

Ensanguentado em cantos,

Para todos os cantos.

O tempo passa,

O destino acha graça,

Como se escondesse a farsa,

Do eterno ciclo da aprisionada raça.

São horas e horas olhando o teto imaginando estrelas num dia ensolarado,

São minutos e minutos pensando na minha mão suar em seu tato,

São dias e dias pensando no quanto sou filho ingrato,

São segundos e segundos assistindo eu mesmo sendo colecionado.

Eu não quero morrer tão cedo,

Credo,

Seria um infortúnio até para o pior incrédulo,

Em mim, em si, e no seu eterno.

O tanto que eu penso parece que vivi 300 anos,

O tanto que ruí, parede que eu matei 1000 humanos,

O tanto que eu aconselho parece que dei 1.000.000 de passos mundanos,

E nesses passos toda areia não passa de crânios.

O silêncio em palavra mas o conforto de atitudes,

Me deixa em alma arco-íris e corpo em nudes,

Mas em todos esses confundes,

Não me assemelho em nenhum dos duques.

O grito que bate no teto e desmorona a poeira,

O grito que bate no pomar e agita a madeira,

O grito que bate no prédio e derruba a rotina corriqueira,

O grito que bate na minha alma pra não me jogar da beira.

Espere um minuto para pegar fôlego que arde,

Pra gritar no próprio papel que sou e me rasgue,

Engolir a saliva nunca usava pro corpo covarde,

Engolir o choro para não achar que sou um mártir.

O silêncio de um dia inteiro é infinita possibilidade de pensamento,

O silêncio de um dia inteiro é infinita moeção em um juramento,

O silêncio de um dia inteiro é infinita punição desse ser em humano prosseguimento,

O silêncio de um dia inteiro é infinita amargura desse idiota ciumento.

Mas teu ditames de silêncios tende a ser justo,

Acredito que mantém o sorriso em seu busto,

Deve ter motivo para me deixar desesperado a todo custo,

O teu silêncio se equipara ao furto,

Pois me rouba tempo ao lado,

Me rouba tempo sendo seu amado,

Me rouba cada sorriso engraçado,

Só me deixa uma coisa que me deixa a pé de insanidade,

Me deixa totalmente acabado,

Seu silêncio me dói de verdade.

Pois toda vez que acuso meu coração de amargar numa situação tão fútil,

Eu não provo tal paciência como útil,

Por não conseguir fazer chegar o dom das minhas palavras,

Eu viro o Almírico Inútil,

E é nessas horas que vem as sutilezas macabras,

Que me rodopiam na valsa de ponta de facas.

Toda vez que há discussão e eu quebro por seu aborrecimento,

A culpa de quem deu o primeiro corte foi do meu fio,

Depois que descubro, entro em perecimento,

E aos poucos me afogo no meu impiedoso brilho.

A culpa é minha e eu não vi,

O orgulhoso é o primeiro a se cegar na falsa luz,

Peço perdão por ser humano, ele as vezes me seduz.

E ainda,

Silêncio.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 31/01/2019
Reeditado em 01/02/2019
Código do texto: T6564286
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