Mar de Devaneios

Sangro o cosmo com minha lira triste;

Explosões de loucura, num alto teor.

Sinto uma súbita e ardente dor

Que nas entranhas da alma inda persiste.

Como um verme que na podridão, resiste,

Devoro minha sombra com rancor.

Aguardo o orgasmo de luz do Criador

Fecundando a fé que em mim não existe.

Beijo o abismo mais sujo e mais brutal

Onde oculta-se o arcanjo do Mal

Que com garra de aço a mim mutila...

Com lâminas numa cortante carícia

A carne acomoda-se à imundícia

Em marés duma luz, triste e tranquila!

Luis Felipe Saratt
Enviado por Luis Felipe Saratt em 17/09/2007
Reeditado em 05/10/2008
Código do texto: T656566