Mar de Devaneios
Sangro o cosmo com minha lira triste;
Explosões de loucura, num alto teor.
Sinto uma súbita e ardente dor
Que nas entranhas da alma inda persiste.
Como um verme que na podridão, resiste,
Devoro minha sombra com rancor.
Aguardo o orgasmo de luz do Criador
Fecundando a fé que em mim não existe.
Beijo o abismo mais sujo e mais brutal
Onde oculta-se o arcanjo do Mal
Que com garra de aço a mim mutila...
Com lâminas numa cortante carícia
A carne acomoda-se à imundícia
Em marés duma luz, triste e tranquila!