Delírium
Vó, me diz quando o trem vai passar
Vó, se tá pesado, eu carrego pra ti
Vó, o Sol tá quente, não se esforça de mais
Vó, me desculpa sumir
Ecos vazios anunciam desespero
Nosso brilho raro e farto chegou ao final
O bilhete pro futuro foi vendido bem ali
Não se deita nesse rio
Suas águas são a maldição
Harmonizando eu não sinto dor
Mas minhas costas se rasgam de noite
Soltando cobras pelos pés
Demônios à boca
Como sustentei todas as maldições no meu corpo?
Esses desenhos sanguinários e frios
Só me dizem sobre o morrer e o matar
São quatro da manhã
Você já deve ir
E não peça pra voltar
Senhoras tão vagas
De rostos tão lentos
Suas vidas são rasas
Meus sentimentos
Estou com medo
Da floresta densa que arrasta
Dos galhos frágeis que me quebram
E de mim
Se eu me deixasse sozinho
As cenas de animação
Brincariam com a sanidade
Perguntando se estou aqui
Vó, cuidado pra não cair
Vó, as vezes, me sinto sozinho
Vó, diz que ainda sonha comigo
Vó, que eu tô com medo de sonhar
Minha boneca falou comigo
Não gosta de mim e eu devia sumir
Apareceu no meu sonho saindo
De um poço profundo com metade de mim
Se as mãos te pesam
Tire um pouco de ti
Dê adeus a sua vó
Que há um ano ou mais teve de partir