Delírium

Vó, me diz quando o trem vai passar

Vó, se tá pesado, eu carrego pra ti

Vó, o Sol tá quente, não se esforça de mais

Vó, me desculpa sumir

Ecos vazios anunciam desespero

Nosso brilho raro e farto chegou ao final

O bilhete pro futuro foi vendido bem ali

Não se deita nesse rio

Suas águas são a maldição

Harmonizando eu não sinto dor

Mas minhas costas se rasgam de noite

Soltando cobras pelos pés

Demônios à boca

Como sustentei todas as maldições no meu corpo?

Esses desenhos sanguinários e frios

Só me dizem sobre o morrer e o matar

São quatro da manhã

Você já deve ir

E não peça pra voltar

Senhoras tão vagas

De rostos tão lentos

Suas vidas são rasas

Meus sentimentos

Estou com medo

Da floresta densa que arrasta

Dos galhos frágeis que me quebram

E de mim

Se eu me deixasse sozinho

As cenas de animação

Brincariam com a sanidade

Perguntando se estou aqui

Vó, cuidado pra não cair

Vó, as vezes, me sinto sozinho

Vó, diz que ainda sonha comigo

Vó, que eu tô com medo de sonhar

Minha boneca falou comigo

Não gosta de mim e eu devia sumir

Apareceu no meu sonho saindo

De um poço profundo com metade de mim

Se as mãos te pesam

Tire um pouco de ti

Dê adeus a sua vó

Que há um ano ou mais teve de partir

Josué Alves
Enviado por Josué Alves em 24/11/2019
Código do texto: T6802601
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