Quero embriagar-me de vento
Quero embriagar-me de vento,
absorver-me num temporal,
intenso, real.
Quero raios fulminantes
barulhosos, trovejantes
a trespassarem-me por dentro,
avivando meu alento,
para que vá mais adiante.
Quero que tu cantes, que eu cante,
sob a geada fria
depois do silêncio do dia,
e logo me cubras de neve
num momento adormecido, breve,
para que gelem as memórias
das afligidas histórias
já derramadas sobre mim.
Quero, depois da tempestade
acordar em liberdade,
num mundo menos denso,
onde o sentir imenso
seja a verdade de ser.
Isabel Fagundes
09/10/07