Delirios Secretos

Sangro o silêncio que apavora.

Sinto sóis lânguidos

Flamejando no meu peito;

O que posso fazer se o amor não me toca?

Se a tristeza se fez minha sina

E acabou por me encarcerar

Numa prisão de desejos?

Ó musa que consola quero tua caricia,

Teus lábios de luz

E teu sexo de celulóide.

O sangramento arterial da minha alma

Mancha os papéis onde escrevo

Minha sina violada de angústia

Meu anseio prostituído...

Ser homem e não ter a mulher

Que justifique sua solidão.

Numa ausência que cala

Os sentimentos mais infeccionados

Anjos sangrentos chorando

Na febre duma confidência.

SInto as cores

Sumindo em telas irreais.

Pétalas de treva enxugam as lágrimas

Que ferem meu coração.

Sou carpete empoeirado

Pisado por ímpios deuses

Que esqueceram de criar

A alegria de universos fulgentes.

Sou enfim chama acesa nas sombras,

Contradizendo luz e esperando

O segredo da criação ser violado

Revelando o delírio

Que me impinge sonhos ardentes

Em laivos de lodo e luxúria.

Assim quero a metafísica dos seres,

O pensamento das quimeras que morrem

E deságuam no mar íntimo

De meus devaneios mais recônditos.

Luis Felipe Saratt
Enviado por Luis Felipe Saratt em 13/10/2007
Reeditado em 16/10/2007
Código do texto: T692738