machuca

garganta rasga cada letra de teu nome,

gritos que ninguém consegue ouvir.

nem posso me olhar no espelho,

não me vejo como um dia vi.

olho comprimi as lágrimas que ficam,

que rolam para dentro do coração,

pra que ninguém possa saber

como é triste a solidão.

dentes rangem todo o meu desespero,

trancam essa inquieta língua minha

que sofre por não ter gosto

e ter que viver sozinha.

mãos imaginam o que seria o encontro,

vagam no ar modelando teu corpo

como fosse um abraço forte,

deixando-me quase louco.

saudade tritura tudo que era meu sonho,

ensina o caminho errado da solidão,

machuca quase tudo que há mim,

só me sobrevive a paixão.