PASSAGEIROS DA AGONIA

Comemos o pão dormido,
Que o diabo amassou,
Sentimos-nos perdidos,
Trem que descarrilou,
E dentro dos vagões,
Procuramos em vão,
Os corrimões,
Entre as multidões,
Que buscavam o sentido,
Também estávamos indefinidos,
Vale de sombras ou luz,
Barrabás ou Jesus?
O trem da vida,
Descarrilado antes da estação,
-“Perdoa as nossas dívidas”;
Oh autor da criação!
Fieis clamavam na escuridão;
E nós dois, calados,
Pensamentos alados,
Ignorávamos o perdão,
Queríamos sim, renascer,
De todo aquele delírio,
Deixar o desejo nos envolver,
Luz contornando círio,
Como...? Não sabemos,
Mas, algo aconteceu,
Entre os dois extremos,
O mundo era você e eu,
O expresso liberdade se pronunciou,
Reorganizamos a nossa trama,
Do sonho insano que não acabou,
Acabamo-nos rolando na cama;
“Sem medo, nem dó, nem drama”.