A céu aberto

A céu aberto

Vou pular da janela do trigésimo primeiro andar

Despencar

Cair com uma velocidade que nem radar possa alcançar

E o meu vôo vai ser cortante, para além do rasante

Só de pensar já sinto a gravidade me empurrar sem nenhuma sutileza

Experimento o vento cantar forte em meus ouvidos com seus ruidosos assobios

Um salto de encontro ao destino...

Agora só sou eu, o tempo, e o espaço

Entre o ápice e o chão

E uma excitação me invade...

Dou risada pra sorte e adeus ao azar

Abraço tudo o que a mim se apresentar

Vou deixar a vida me levar com minhas pernas

Mas, em meu melhor momento

Serei eu mesma o aeronauta que com

Asas de concreto vai rasgar os horizontes

Pra voar a céu aberto

E não tenho a menor dúvida de que essa será

A minha mais louca aventura e piração:

Saltar do 31º pra pousar no 32º andar!

Cair pra cima

Mergulho da alma rumo a outros dias

Onde nada será igual

Novo sol; primeiro canto; vasto céu

Muitos amores bem-vindos nascidos do acaso

Só uma coisa permanente:

A insaciável vontade de me arremessar em novo salto

A céu aberto

Analúcia azevedo. 25.07.2005

Analúcia Azevedo
Enviado por Analúcia Azevedo em 21/10/2007
Reeditado em 02/11/2007
Código do texto: T702959