Cotidiana Loucura

Quando não suporto mais o peso

Das cobranças do mundo

Sobre o meu frágil ombro de adolescente.

Volto a mim à minha solidão solitude

E crio asas para me libertar..

É preciso que todos enlouqueçam

Para que o mundo se torne puro e belo

Porque somente a loucura

É a verdadeira libertação

Às vezes sinto vontade

De arrancar minhas roupas

Em plena Avenida Afonso Pena

Enrolá-las numa pedra

E atirá-las no Rio Arrudas.

Às vezes sinto vontade

De arrancar minhas roupas

E ficar nu

Como se Belo Horizonte não fosse

Uma cidade grande

Habitat de homens ditos civilizados

Às vezes sinto vontade

De arrancar minhas roupas

E ficar nu

Como se eu fosse um índio

Um selvagem qualquer.

Aqui uma selva virgem

E ninguém fosse reparar

Minha inusitada atitude

Às vezes diante de tanta

Vontade de liberdade

Tenho necessidade

De fugir do mundo.

Às vezes sinto ser

Minhas pretensões pura utopia

Então me fecho num quarto escuro

E fico ali até passar

Minha cotidiana loucura.

E quando minha loucura passa

Volto a mim a minha solidão solitude

E crio asas para me libertar...

Copyright₢ Tom Vital/01/04/1982

(Esse é um poema lá do comecinho... Quando tudo parecia mágico.

(Mas creio que a essência continua a mesma.)