CISMAS GIGANTES.
Madrugadas sombrias de espanto...
É o vento, lá fora, fazendo medo
No vibrar dos fios uivantes...
Pelas frestas das portas e das janelas
Vejo as unhas dos monstros
Retorcidas e cravejadas de arrepios.
Um frio intenso sobe pela espinha.
Quando será o tempo do manhã?
Ainda haverá dia que clareie?
Um lume discreto atravessa a vidraça,
Mas parece olhos famintos à espreita.
Ouvi dizer que, mesmo se amanhecer,
Ainda haverá monstros invisíveis que sugam vidas,
Que sufocam as entranhas de cólicas,
Que apagam os olhos molhados e sem fé.
Os uivos da noite serão comédias
Diante dos horrores em sol a pique...
Dizem que os mascarados invadiram a terra
E os ladrões saqueiam de caras limpas;
Se algum dia ainda amanhecer, por favor,
Não me acordem, confiram direito;
Dizem que é ali que começa o perigo.