UMA UTOPIA DE PESSOA
Todos que conhecem á Fernando Pessoa,
se perguntam quem era a Pessoa do Fernando.
Não. Sem trocadilhos,
no literal,
a pessoa por trás,
da pessoa do Pessoa.
Há! É inevitável.
Eu não falo da pessoa dele mesmo.
Eu queria ser essa pessoa,
pelas coisas que ele disse,
embora saiba que ele nunca diria isso.
mas não falo dela,
falo de outra coisa.
Há!
Desculpas.
fica mal dito, se não for dito por:
"pessoa"...
Mas de toda forma,
eu me pus a pensar justo nisso.
Quem era a pessoa dos ditos?...
Será que era ele por ele mesmo?!
Ou será que era do Pessoa pra outra pessoa?!
Quem sabe Fernando?!
O que dizem. E quem dizem,
são as pessoas...
É que ele não era dado as pessoas,
mas será que nenhuma?
Estranho!...
Mas das duas uma:
Ou foi gênio além do que disse,
porque nisso comprovadamente gênio,
mas também no que não disse.
já que escreveu "Presságio" dizendo pra uma pessoa que não conseguia dizer que a amava no entanto assim a dizendo.
Gênio!...
Será que tinha uma pessoa,
ou será,
que era só,
com a sua,
pessoa...?!
Parece,
aos olhos das pessoas,
que aos poetas cabem isso.
Carência.
Mas também parece por fim,
algo muito triste.
Ser poeta e morrer virgem.
Depois de tudo o que disse...
Controverso!
No entanto pra algumas pessoas isso pode ser muitíssimo poético.
Pra outras pessoas muito trágico.
Mas pra umas,
poético.
Talvez até mais poético do que qualquer dos seus poemas.
Ser é que pode existir algo mais poético.
Não pode!
Se existir não é ético.
É profano.
Não é amar, é arma.
Não é belo, é bélico.
Desculpa!
Eu tento não falar que amo.
Mas já falando.
Sou uma pessoa apaixonada.
É trágico e poético, como Pessoa em "Amor".
Trágico e poético "Amor" é,
se foi dessa pessoa,
que pode ter sido Fernando,
pra uma pessoa que ninguém sabe quem é...
Se for...
É muito disconcertantente e muito...Magnífico.
Se pensar em tudo o que Pessoa disse.
Se apaixona.
Ao ponto de dizer o que ele nunca disse. Nem diria:
Que ele disse mais que qualquer pessoa.
Por isso todos querem saber mais das suas próprias internas pessoas...
É mais por causa de Pessoa.
Ou da pessoa expressa por Pessoa.
Também querem saber,
se ele tinha alguma pessoa a mais.
Porque aspiramos pensar o que essa suposta pessoa diria a mais sobre Pessoa.
Muitas coisas.
Jamais ditas.
Queremos mais de Pessoa.
Mesmo diante tudo o que Pessoa disse.
O que haveria de mais?
Mais nada.
Não há mais.
Ele disse tudo.
Não deixou nada pra trás.
Certamente tinha uma pessoa,
ou até mais...
pessoas, apaixonadas.
Cabível o pensamento.
Porque hoje me tem.
Anos e anos depois de ter dito.
Me tem e mais...
Imagina pra quem o via dizendo.
Assim, de carne e osso.
Se é que ele dizia, de fato dizendo.
Se foi ou não,
pouco muda.
Ele disse tudo.
Ao ponto de eu ser muda.
Apaixonada, desnuda.
Ele disse tudo.
Talvez por já ter lido,
o que já haviam antes sido dito.
Ele disse tudo.
Que jamais teriam dito,
se não por ele ter antes escrito.
Mas falo como muda,
apaixonada, desnuda...
Mesmo que verdadeira,
já soou mentirosa.
Mesmo que sem euforia,
pra não te inspirar paixão assim,
igual a minha.
Já me pus medrosa.
Então diga-me sem compromisso, o que poderíamos dizer depois dos seus ditos?
Nada.
Podemos só dizer tudo o que Pessoa já disse, de um jeito mais bonito.
Se for possível.
Há não!
Creio que não.
Não tinha pessoa alguma,
mas digo como apaixonada, desnuda.