A carta da solidão

Tem dias que passam, passageiros

Apressados, tombando de frente

Como capoeira, rasteira

Que a vida nos dá.

Minhas lágrimas como chuva

Alagam apenas o que eu anseio

E teu corpo que me turva

Declara a vida a qual eu odeio.

E de repente, quem sabe

Na frente do rio passar

Sentir o despojo, da vida o desgosto

Triste ao luar.

A solidão

Não é apenas a minha dor

É a minha luz na escuridão

Mas não a cura da minha dor.

Um dia eu paro e somo tudo

Tombo moribundo da vida

No mundo querendo desaguar

Desaguarei no meu peito

Mas com todo respeito eu vou chorar.

Mas vem o sol

Indelével sol

Para secar o meu rio de lágrimas

Que em mim escorre

Para falar-me que sem você estou só.

Mas como as lágrimas

O dia escorre, e eu de porre

Encontro o luar

Luar tão triste

Que me aflige sem eu notar.

Lá esta a lua

Já nua e crua

Ao meu corpo se banhar

E como não vejo

O mesmo desejo

Recomeço a chorar.

Ouço o uivo do lobo errante, tão distante tão leal

E como serpente sigo em frente

Com o tempo a me guiar

Sorrindo, cantando e sentindo o sol desabrochar.

Porém, ainda é noite

As estrelas me dizem em segredo

O sol que nasce é açoite

Volte a chorar que ainda é cedo.

Do que as estrelas me disseram

O vento levou

Guiando-me à frente

No precipício do amor

De lá me reparo

Sinto o afago que debruça

Já sinto da morte, o teu abraço.

Finalmente é dia

E faço da morte um descaso

Faço do renascer minha alegria

Já não sinto da morte, o teu abraço.

Mas este é o paraíso

Em tudo reparo e só não estou

Pois a morte é mais forte

E dela por mim, nasceu o amor.

Maldito inferno

O paraíso que estou

Aqui jaz o fogo eterno

E não acho o meu doce amor.

Pois com os da matéria ficou

E eu de tão enfraquecido

Sobraram-me a angústia e a dor.

Demônios e Deuses

Liz e escuridão

Céu e inferno

Liberdade e escuridão.

A noite é calada

O dia é segredo

A tristeza se esconde

A alegria sente medo.

Mas em tudo reparo

Sozinho não estou

Há alguém por perto

Há alguém onde estou.

Me sustento em meu braço forte

Com sede e cansado

Com confiança ainda na minha má sorte

Sem meu ego, já desbravado.

Já não digo que vou em frente

Pois já fui muito além

Aqui ficarei firmemente

Aqui ficarei a espera de alguém.

Parado com uma planta

Com o tempo, com todo o tempo a me regar

O meu olhar como lança

Não alcança onde eu poderia chegar.

William silva.

William Sillva
Enviado por William Sillva em 16/11/2005
Código do texto: T72572