confissões em uma noite obscura

naquela época

sentado no escuro

eu sabia que estava doente

minhas pernas estavam fracas

meus braços trêmulos

e os sonhos distantes, distantes

perdidos nas brumas da nostalgia

imortais e inalcançáveis

procuramos uma resposta

nos lugares errados

procuramos uma resposta

que no fundo já conhecemos:

a vida constitui-se de auto destruição

não suportamos o peso da existência

não suportamos a interminável

cadeia de derrotas inesquecíveis:

as verdadeiras, que nos botam de joelho

sentados no escuro, trêmulo

sem saber o que realmente acontece

sem saber a verdade sobre a morte

e se realmente há conforto em seus braços

por momentos

um abraço espanta essa sensação

versos escritos com alguma pressa

amenizam o medo da solidão

mas no fim versos são versos

abraços são abraços

desaparecem em silêncio

no crepúsculo da memória

conheces o real medo

de uma noite obscura

envolta de completo abandono

onde não há esperança de aurora

nem de qualquer outra coisa

para acalmar a escuridão da alma

e o desalento real do coração?