DEMULCENTE

Diga adeus para seu verdadeiro nome:

agora és tudo quanto consegues lucrar,

és o lugar para onde pudeste viajar,

és o último cara que foste beijar.

Melhor se despedir do seu rosto,

ao olharem serás espelho quebrado

e lerão de todos os seus reflexos

as sombras de suas próprias imagens,

te buscarão para expurgar fantasmas

e tu deixarás para escapar da solidão,

melhor que guardes consigo a identidade

para quando te perderes, e te perderás,

alguém saiba de onde vieste e encaminhe

no próximo ônibus, onde quer que estejas.

Esqueças de onde vem o teu sorriso,

ande, respire, cumprimente que verão

o que quer que queiram, seja o que for,

não faça nada, não se importe, não queira

que todos estão em belíssimo torpor

e se acordam, de fato: é fogueira

porque o mundo é esta confusão

que ninguém quer ver; feche os olhos

e esqueça desse sonho que falo,

de resto, caminhe meu beijo, no estalo

e jamais me escreva novamente.

Diego Duarte dos Santos

Diego Duarte
Enviado por Diego Duarte em 18/01/2022
Código do texto: T7431708
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