De repente, tudo é urgente.

Existe uma pressa incomensurável.

Tudo tem um ritmo frenético.

 

Palavras percorrem frases.
Frases atravessam silêncios.

E, os olhares absortos permanecem

pendurados no fio do horizonte.

 

Onde foi que deixei os óculos?

Minha miopia produz imagens de Van Gogh.

Acho até bonito...

E, me perco na dança das cores.

Na furtiva manhã que

tinge meus sentimentos.

 

De repente, a ditadura da estética

Desmeretiza o simples.

E, eu tantas vezes reles e vil.

E, eu tantas vezes,

distraída e servil.

 

Sinto-me vilã de mim mesma...

Tiro os óculos de propósito,

para não ver esse mundo torpe.

 

Mas, nada adianta.

O fígado cutuca a alma.

E, esta esbraveja:

- Em toda loucura há um

cais de lucidez.

 

Há um mantra

de acidez a diluir 

toda lógica.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 26/03/2022
Reeditado em 26/03/2022
Código do texto: T7481123
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