O SEGUNDO

Um segundo devorando a realidade,

nele seus olhos leem meus olhares

mergulhando na profundeza do texto,

leste minha índole, minha natureza,

da linha do horizonte, a pretexto,

cruzaste o dia, chegaste à meia noite;

do que leste não tenho certeza,

mas aquele segundo espraiado

se chocava em mim feito açoite,

viste o feroz animal acuado,

do ferimento, a voraz correnteza

e dali todas as páginas em contrição;

humilhado, olhei pra baixo,

desde então este segundo raptado

tem me envelhecido e tua circunspeção

mantém o tempo interdito.

Diego Duarte
Enviado por Diego Duarte em 29/04/2022
Código do texto: T7505613
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.