Almas Duais

Nesta metamorfose que sou

Passo pela vida

Meio borboleta

Meio mulher

Meio gente

Meio sem saber o que sou

A vida as vezes pára

E me encara

Ficamos ali

Paradas

Uma olhando para a outra

Sem nos conhecermos

Não percebi

Quando a vida se tornou tão estranha para mim

E nem o quanto nela

Quase nada cabe de mim

Parece loucura

Talvez seja

Melhor que seja

Não suportaria a normalidade

E nem a languidez da vida medíocre

Nem todos me entendem

Na verdade

Poucos me entendem

E prefiro assim

Poucos, loucos

Almas duais como eu

Espíritos sem rédeas

Soltos, absortos

Num mundo paralelo

Essa visão do puro obscuro

Selvagem natural

Encanto real

Solidão essencial