O corte frio do vazio.

 

                    Muito vazio em mim havia…

Sem rumo, às vezes eu partia,

     Outras, não sei como, eu resistia…

 

                 Meu pensamento, por alento, insistia:

- Eu não merecia! - Eu não merecia!

    Eram gritos inaudíveis, a beirar a histeria.

 

Havia lugar em que eu não cabia,

                            Nem o que eu via me convencia…

Tudo, tudo, loucura geral parecia!

 

    A minha alma apequenada e arredia,

Na carne a dor de ilusória sangria,

              E o cérebro cozido, fervia…

 

No meio do nada, eu me perdia,

A noite escura e fria, eu invadia,

                Noutro dia, uma insuportável azia!

 

               Um desejo de cicuta, então, se fazia,

Ao pensar nas avarias, eu desistia. 

Olhava o mundo e ele não me via…

 

               Vida danada, sem nada, vazia!

               Tudo de insano ao meu redor vigia,

O louco era eu e somente eu não sabia.