Cada Ver

Cada vez que vê

A sombra da catarata

Muda, os pés descascados

Descalçam a lama da angústia

Vazia que sufoca o perdido

Vício do lamento infértil.

Queima o casco na fenda

Sísmica, aprumando o

Último ato de cinismo

Cítrico. Um degustar

Áspero que revira a

Máscara macabra de

Uma cabra de má cara.

Atravessa o seu avesso

No contorno do retorno

Sem que o eterno enxergue

O mesmo. Medo de se

Perder. Perde-se o medo.

Pede se o medo se perde.

Cada ver é um cadáver.

Veja a imagem do que

Nunca foi e faça da

Lembrança uma falsa

Esperança. Esquece e

Desperta. Destranca

Os poros para polinizar

As fugas. Células-Formigas

No formigueiro que é o Corpo.

O copo quebrado é mais

Realista que o intacto.

O caco rasga a existência

Com a mesma proporção

Do fio da lâmina afiada ao

Dilacerar com suavidade o

Tecido que se chama pele.

Esfola que o racismo se perde

Nas entranhas da carne. Precisará pretender criar, Outros avatares para a sua

Perseguição doentia. Doentes são os sãos.

São Pedro, São Petersburgo, São Bernardo, Sansão. Comecemos por arrancar os

Cabelos.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 10/10/2022
Código do texto: T7624716
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