SEM JUÍZO
Vou fechar as portas,
e abrir as janelas.
Versejar a penumbra,
vislumbrar caravelas.
Vou fechar os armários,
e abrir as gaiolas.
Gritar os meus cantos,
soltar os meus bichos.
Vou engolir o passado,
e ingerir presentes...
Cambalear mil delírios, em
águas ardentes.
Vou me atirar sem juízo,
nessa sanha de improviso.
Arrancar todas as vendas,
Debelar as reprimendas.
Vou sem pressa.
Vou sem verso.
Costurando os meus
avessos, remendando
as minhas fendas.
Vou sem rumo, sem navios.
Devorando as minhas lendas.
Incendiando os meus pavios.
Vou sonhar ...à luz de velas.