Faz de conta

Apesar de renovado o contrato de seus dias, e de adiar-se o prazo para a despedida,

De sentir o leito que se tinha banhado em lágrimas como berço esplendido,

Ainda assim, persiste a nênia,

Feito um video de baixo áudio,

Permanecendo para sempre,

Sem ter edição ou ser regravado.

Embora de joelhos e com inovadores vocábulos tenham, até aqui lhe sustentado,

se distinguem entre todos e ainda retinem,

O caco da pia, o vidro do copo, o espelho quebrado.

E alma dá as costas, deixando aos quatro ventos quem não cala mais por pena,

E não mais se estampa de tristeza,

Porque de raiva chora.

Conquanto persiga o calendário tracejado do tempo pelo céu abreviado,

As águas doces abrigam o monstro,

Esfriam as setas que lha podem acordar,

E floresta incendiada para a morte de uma hydra, inultimente queimará.

Na solidão do fogo gelado

Na sorte que é tal morte se encarnar.

No faz de conta onde o amor é assasinado.

Lirianna
Enviado por Lirianna em 27/12/2022
Reeditado em 27/12/2022
Código do texto: T7680727
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