A Tempestade

era tempestade numa tarde de domingo

um pingo que arde majestade fera

numa taça, faça o vinho, o ninho

o homem, amém, o Deus que era

tempestade já noite o assalto de lua

o cometa e nua ela dorme

o capeta a tua atenta alma forma

e ele teus pecados perdoa

numa boa aparências marcadas

marcados encontros de morte

e o dado rola a carta farta

o jogo quebrado e deu nada

a mola mole molhada da madrugada

e seca a garganta de voz de grito

atrito, atroz e feroz, do amante atrás

da amante mulher, sem vistas, sem vestes

gigante dos pêlos molhados

dos dedos descascados

e ligada na corrente elétrica anormal

em curto demorado silêncio

furto de cores e farto de nada

o lado da fada mascarada, o namorado

um incêndio, um frio, um trio de quatro

sem pernas e ternas muletas

só ternos rasgados, internados

soterrados no inferno da vida

na frente ártica, láctica, adormecida

para além, muito além, do escuro

um furo no buraco da imensidão do ser

sem sorte, o forte desarmado

sem pontos tontos, tantas vidas

idas e vindas, lindas além

patriártica e prática

a tempestade num pingo só

Carlinhos Pink
Enviado por Carlinhos Pink em 27/11/2005
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