Casa de Moscas

Ninguém as vê

Ninguém as cheira

Ninguém as sente

Todos os argumentos

Para dizerem que isso não é nada

Só que eu as sinto

As moscas rastejando sob minha carne

O odor de podridão carregado por elas

E sinto cada coisa ruim instilada por elas

Elas carregam doenças e maldições para mim

Carregam pensamentos ruins, previsões exageradas

Pseudo Verdades autodepreciativas

Repelentes de ânimo, ladras de vitamina D

Surrupiadores de cálcio

Vício pelo próximo segundo

Inquietude, fobia da finitude

Palpitar, falta de um acalmar, tranquilidade acabar

Paranóia, tramóia, larga-me em oceano

Sem bóia, abraço de jiboia

Fantasia de nóia

Agonia do tamanho de sequóia

Bebi um pouco de água transparente

Porém deveras ardente

Para vomitá-las

Convites para fumaça

Entrar, queimar

E se livrar de seus restos

Fiz vários riscos na casa

Para assim deixar elas saírem

Comi doce amargo

Para acelerar meu adormecer

E relaxar o remexer

De começo, eu penso que consegui

Até abrir a boca

Deixar as palavras saírem

E ver meu hálito

Contaminado por elas

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 13/06/2023
Código do texto: T7812474
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