Os Feridos
Os Feridos
Dancemos as danças dos loucos
girando cirandas e aos poucos
cairemos na própria loucura
quebrando as cabeças, fraturas
que sempre estiveram presentes
fantasmas, flagelos dormentes.
Pisemos nas poças mais sujas
girando e o dançar sobreuja
camisas de força dos homens
tão sérios, maduros que somem
na massa de peso no mundo,
seremos melhor, vagabundos.
Dancemos a própria desgraça
tampemos com grades, mordaças
correntes de riso, cantemos
matemos o iso e seremos
os lobos nos campos gelados
caçando na noite indomados.
Na dor choraremos tão pertos
na dor abraçados, cobertos
na força de unhas que entrando
na pele e da carne passando
rompendo pedaços de nós
sabendo que estamos tão sós.
No peso do mundo riremos
tentando tampar em um esmo
que tanto de corda nos dá
porém nem sabemos se há
motivo que causa os efeitos
de tantos tormentos no peito.
Que gritem e chorem e dancem,
se somo as vitimas danem-se!
As chagas os sóbrios nos dão
culpados de tudo que são
vaguemos perdidos em ordas
banidos, bonecos sem cordas.
Vaguemos: os quadros manchados,
meninos selvagens, e os ratos,
romances violados, senhores
de mundos sonhados, horrores
em traumas, uns tais esquecidos,
mendigos! Em suma os feridos.
Pois, culpa das chagas que temos,
deixando seguelas profundas
é culpa dos "sóbrios", na imunda
maldade dos memos.