Tecendo Letras

Quando é preciso, viajo ao infinito.

Entre vácuos, ares estáticos, relvas verdinhas.

Quando é preciso, caço no tempo, caço no vento,

o momento da colheita, o segundo da magia.

Nada nas mãos.

Nem flautas, nem tambores, nem panfletos.

O que busco está numa estação ou outra,

atrás de algum arbusto ou na nascente do rio.

Nada na ilusão. Sei que o infinito é diverso,

tão diverso quanto sozinho.

Encontro monges orando,

botos brincando,

rastros de ninhos.

Quando é preciso, flutuo na música.

(encontro o sonho musicado, no escuro).

Nada nessa ponte que significasse estadia.

Nada nesse precipício que valesse um pulo.

A viagem ao infinito não tem verdades nem mentiras.

É o loquaz momento do silêncio

que tecendo letras,

revela-se artesão da palavra muda.

Sem encontros e sem desencontros.

Estou solitária nessa viagem

ao infinito absurdo.