LAVAGEM CEREBRAL

Um dia abri a janela

E vi que eu não era mais eu

Era meu corpo, com certeza

Mas a essência se perdeu

O coração batia diferente

Forte e resistente

Mas completamente mudo

Quis chorar

Mas como um criado mudo

Eu não era mais eu

Na mesma janela

Tentei encontrar meu beija-flor preferido

Um que tinha asas de menino

Que coisa estranha

Ele apareceu de surpresa

Mas nada tinha de pequenino

Tinha asas maiores e já conseguia

Beijar qualquer flor

Maior e mais ligeiro

Foi embora sem se importar comigo

Que não sei quem sou

O que aconteceu nesta janela

Que também não é mais ela?

O que aconteceu comigo

Que não tenho o peito aflito?

Que não tenho emoções poéticas

Que não sorrio para o sol

Que esqueci do futebol

Inativa estou

Seria lavagem cerebral

Ou um coágulo mental?

Só sei que eu na janela

Não me pareço mais com a donzela

Que catava caquinhos de pedras

Pra enfeitar em volta das plantas com terra

E acordava cantando melodias

Enquanto saboreava minhas fantasias

Ouvia o vizinho gritando:

Vai lavar panelas!!!

O que aconteceu afinal?

Alguém me responda!

Não sinto nem desespero

Não sinto nenhuma forma de apego

Sou um nada desigual

Esta mulher não sou eu

Deve ser um clone da original

Onde estão as margaridas amarelas?

Rose de Castro

Ghost Writer e Poeta

Rose de Castro
Enviado por Rose de Castro em 23/01/2008
Código do texto: T830322