Divas Sombrias

Como não viver nas sombras

Se delas sou preenchido

Há algumas no passado

Outras no presente

E as que ainda nem existem

Já rondam minha mente

Meus anjos ou meus demônios

Ora me assombram, ora me valem

Ora me salvam, ora me perdem

Mantenho-me sóbrio, porém insone

Já não ouço o sangue em minhas veias

Divas sombrias podaram-me as vias

Minhas energias sorveram com ardor

Licor escarlate escorrendo em seus lábios

Orgia ritual de um infernal amor

Embriagadas repousaram sem pudor

Emaranhadas ao meu corpo exaurido

Fartas e despojadas

Deleitavam-se enquanto sôfrego

Esforçava-me por um último gemido

Não há gotas desperdiçadas

Nem rumores de compaixão

No auge da soberba

Marcaram-me o invólucro entregue

Condenando-me a um estado sombrio

De não ser, nem estar

Não morrer, nem sonhar

Divas sombrias

Ouviram um pedido de libertação

E na minha agonia

Urraram de satisfação