Rua

Novamente, as memórias cansadas de correr,

Voltam à minha cabeça, saturada pela repetição.

No chão me encontro estendida, sumida,

Numa rua que lembro já ter percorrido,

Bêbeda, inconsciente,

Insistentemente, à procura de algo

Que já nem me lembro o que foi…

Nem tão pouco recordo como cá vim parar novamente…

Apesar das feridas, que me cobrem o rosto,

Desfeito pelo desgosto da queda,

Ergo a cara do chão sujo

Para a infinidade desconhecida que me cobre.

Continuando deitada na rua imunda,

Procuro, com os olhos fartos do mundo,

Dos cheiros, das pessoas, das palavras,

Algo que um dia procurei naquela rua,

Que não sei o que foi.

Perduro perdida, esquecida, vencida, na vida,

E ainda não faço ideia de como cá vim parar.

Passa um rato, que olho, com pena de mim mesma,

Porque dói tanto virar a face,

mais, muito mais feliz do que eu.

Olho-o na alma, que me sussurra que sabe onde estou,

Mas continua a seguir o seu caminho.

Tento levantar-me para o seguir, mas n consigo.

Estou sem forças para me alçar…

Continuo deitada, hirta, sem alento…