EU, POENTE...
Olho a rua tão normal,
e eu visceral, querendo
alcançar outros planetas.
Meu passo me guia, mas
a poesia avança em mim,
com unhas e dentes...
Eu deixo, ela faz festa.
Olho os muros desenhados,
os sonhos adolescentes
querendo transgredir.
E eu continuo essa mistura,
litígio, esconderijo e fuga.
Olho coisas comuns, e deliro
imagens celestias...
Postes, velas, castiçais.
E de repente luz e sombra
dormem juntas, enroscam-se
num jogo premeditado...
Nada mais é assim, o resto
são coisas que sobram desta
mente em viagem e escuta...
Em vigília e permuta...
Não troco meus sonhos loucos
por qualquer peça rara.
A poesia é a minha mais cara
vontade de existir, além.