.......Desarticulação
Quem me criou, executou contraste escrito
Nuvem no céu, folhas no chão, silêncio e grito
Não sou espuma, mas sou breve
Não sou de pluma, mas sou leve
No que me encaixo, sou o desfecho da sua vida
Parte importante, quebra-cabeça, cura e ferida
Quem me partiu, deixou cair meu coração
Nada a luzir, só o pulsar na imensidão
Não sou patrono, mas sou patrício
Não sou seu dono, mas sou seu vício
No que difere, ‘ser ou não ser’ questão concreta
Parte de mim, fala sozinha, pois é poeta
Quem me exaurir, cuide de ter o exato efeito
Numa ilusão, meu coração é sem defeito
Não sou olhar, mas intestino
Não sou pensar, sou paladino
No que sugere, sou o raiar de um novo dia
Parte pulsante, segue constante a alegria
Quem me compôs, fez poesia, desordenada
Nato reflexo, de um intelecto, posto a estrada
Não sou olor, mas sou perfume
Não sou sabor, mas sou ciúme
No que se entrega, não sou nobreza nem sua ganância
Parte improvável da sua surpresa, eu sou a ânsia.