.......Desarticulação

Quem me criou, executou contraste escrito

Nuvem no céu, folhas no chão, silêncio e grito

Não sou espuma, mas sou breve

Não sou de pluma, mas sou leve

No que me encaixo, sou o desfecho da sua vida

Parte importante, quebra-cabeça, cura e ferida

Quem me partiu, deixou cair meu coração

Nada a luzir, só o pulsar na imensidão

Não sou patrono, mas sou patrício

Não sou seu dono, mas sou seu vício

No que difere, ‘ser ou não ser’ questão concreta

Parte de mim, fala sozinha, pois é poeta

Quem me exaurir, cuide de ter o exato efeito

Numa ilusão, meu coração é sem defeito

Não sou olhar, mas intestino

Não sou pensar, sou paladino

No que sugere, sou o raiar de um novo dia

Parte pulsante, segue constante a alegria

Quem me compôs, fez poesia, desordenada

Nato reflexo, de um intelecto, posto a estrada

Não sou olor, mas sou perfume

Não sou sabor, mas sou ciúme

No que se entrega, não sou nobreza nem sua ganância

Parte improvável da sua surpresa, eu sou a ânsia.

Onécimo Fiuza
Enviado por Onécimo Fiuza em 05/04/2008
Código do texto: T931650