Antes que o sonho findar
Sempre estive ao seu lado
e o gosto amargo
em minhas pobres mãos.
Não consigo te deixar,
nem posso estar
longe de suas mãos,
cruas mãos,
que me fazem apagar com o papel
que se faz sujo,
e mais sujo
dos borrões de uma vida
triste e,
se faz escrita
antes do sono chegar,
antes do sonho entrar,
nas portas do meu pensamento
tormento, lamento
do sono sem fim.
Longe dos meus e mais perto dos seus,
preciso do abraço, do afago
do armor que faltou.
Longe dos seus e mais perto de Deus,
preciso ser perdoado,
por não ter amado
e chorar porque tudo acabou.
Meu grande amigo,
que me leva,
que me ceva,
que me dá abrigo.
Amigo, grande amigo
agora sou eu e você no jazigo,
com flores, temores
de dias antigos.
Com dores, rubores
de dias perdidos.
Saudade da vida, saudade da morte,
saudade da sorte de amores partidos.
Me lembro no sono
que após o abandono,
sempre em trevas estive contigo,
não quero deixar-lhe amigo,
sozinho,
mas jáz minha hora amigo,
sei que preciso trilhar meu caminho.