O que será?

Por quê?

Eis-me a morte!

Cadaverina a inebriar-me,

Larvas necrófagas!

Desejo fé! Crença!

Profanar-me-ão estas hordas?

Escuro, frio e solidão...

Lenta decomposição!

Por quê?

Tantos sonhos para nada?

Lento despertar para o inevitável.

Beijos, amores, filhos e dores...

Para quem? Para alguém?

Quem sabe? Quem?

Tende piedade Deus...

Dessas pobres almas...

Que sorriem apesar da incerteza!

Apesar da aspereza desse porvir!

Piedade Pai! Livrai-nos da dor...

Dessa dor incurável, irremediável!

Latejante, pulsante, irritante...

Esperança, onde andas?

Como se abandona um filho?

Deus aborta a humanidade!

Piedade desses incapazes!

Da fraqueza, da penúria...

Eis-me entregue à sorte.