Silenciosa e gélida é meu temor, minha estada só consigo
Não tenho o que sonho pode revelar-se, de caro destinar
Eu estou aqui, presente, ausente, no futuro que fôr você...
A pálida política esse tudo igualar consignado a conchavos
Um prazer se esvaiu nos milênios o meu comportar ilustre
Padeço da solidão que revela almas de quem esmorecerá
A cada dia no meu canto num recanto dos perdidos a ilusão
Levo cada um em meu catamarã de grega e informe forma
Nada peço a não ser um pouco esse seu inerte resplendor
Tenho nome e me deram dormida, em tumbas e algazarras
Muitos sorrirão antes de seu desenlace da carne devorada
E as almas que me fustigam as vestes rôtas clamam rezas
Me deram realeza inútil, demais invisível, torpes principados
A cada um o seu descanso que revelo e eu não vou aquém
Nem ao longe direi palavra a outra norma o vasto retornar
Celebram meu reinar, meu canto surdo, muito os enfermos
E faço da terra um último suor dos elementos que morrem
Só ao solo exigirei passar os pés cansados pelas orações
De nome frio, calçada em furtos ou exageros, assombrando
A todos que me temem desde que a aurora humanizou-se
Darei um fruto sem gosto e sonhos de voltar sem riscos
O gosto de meu pomar se perdeu, a evitar destino relutante
Mortos ao recear necessidades, e eu jamais tenho alguma
Além das covas, meu trevoso mundo, rezarei no abismo...