A um sepulcro
(A última trova)
A matéria é corruptível
O que não é de Deus é perecível
O homem vive no hipersensível
Homem não há que não erre no sensível
Mais do que falhar, a tua crença mentiu,
Não há imortalidade em terras sem Deus
Ante o abando divino, não confies, mesmo nos teus
A profana vida deu-te infindas glorias
Porém, da humanidade só sujaste a história
Semeaste abrolhos que já não se apagam da memória
Vais sucumbir ante a lei do esquecimento
Repousando na tumba, vais sentir o peso do manto
Rogo ao destino que não te tome de leve
Seja te dura a morte, a terra não te seja leve
Atrás do cipreste jaz a negra névoa
A tua sorte voará feito uma ave
O teu anjo vai se esconder atrás da neve
Repousa sem paz! para ti, não há paraíso nem Deus!