3º ATO: A RESPOSTA
Por que feres minha criança?
Essa não tem loucura exagerada.
É tão inocente que em profundo sono dorme.
A mãe dela, vendo-a moribunda,
Enterra-a em terra estranha e longínqua,
Longe de carcará.
Carcará absurdo que a belisca,
Como se minha criança fosse burrico novo
Desprovido de alimento e água.
Morre uma criança inocente que a nada fere
Nem pássaro apedreja, nem florzinha igual sabe pisar.
Nem quem a destrata e erra a flecha.
Mesmo tendo provas, como cartas de um baralho
Em mangas de mágico fanfarrão
Sente que pra nada isso serve, pois não sabe punir a admiração.
Não puna a minha criança, porque ela nunca soube matar cachorro a gritos.
Nenhum pensamento obscuro consegue tentar.
A mulher com rosto de criança
Pega a carcaça e veste a cara de carcará.
Se sente com olhos estranhos, mas não sabe beliscar.
Só tem o mesmo quereres que de mim eis tão igual.
Pois sei que em você tem criança brincalhona como a minha.
Não se preocupe com a minha criança
Dela sei cuidar. É fruto maldito de nenhuma defenestração.